25 de outubro de 2008

Agridoce


Soundtrack: Brandi Carlile - The story

Descobriu que não precisava de um olhar apaixonado, descobriu que às vezes bastava se olhar lá de longe, se olhar de rabeira de olho, se olhar escondido por detrás de um muro com um pequeno buraquinho feito pela saudade. Descobriu que podia nem olhar, se quisesse. Descobriu que podia ter a vontade de ficar calada, de andar sozinha, de sorrir por outros motivos, de deixar as coisas correrem paralelas. Descobriu que não era preciso temer o tempo, o consumo das horas de solidão, que não era preciso se ver motivo em tudo, que nem sempre tudo volta, mas nem sempre tudo se vai também. Descobriu que podia ir embora sem tchau, sem beijo e podia dormir sem um toque de mensagem. Descobriu que ao abrir a gaveta também se podia sentir cheiro bom e que era necessário apagar algumas marcas de grafite para começar certas manhãs. Descobriu que podia se pactuar por meio de músicas e ao ouvi-las nem sofrer, que podia não sentir falta de andar de mãos dadas. Mas a maior das verdades se fez naquele dia em que descobriu que o descobrir põe tudo à vista sim, mas só vê-se o que se quer (pelo menos, com os olhos da alma)! Descobrimento não é querença. E, sendo assim, ela não quis aceitar todas essas verdades descobertas... Preferiu ficar com algumas mentiras, que ao menos se faziam fiéis ao seu coração. Continuou embrulhando os sentimentos em papel celofane e dando a ele. Por algum tempo foi assim, até que morreu de amor. Um minuto de silêncio pela garota agridoce...

Um comentário:

Alexandre Spinelli Ferreira disse...

Descobertas

Ela descobriu
Descobriu que não precisava de olhar
Que não precisava de palavras
Não precisava de adeus

Descobriu que dormiria bem sem beijo
Viveria feliz sem mãos dadas
Cresceria sem temer o tempo

Descobriu que qualquer olhar valia
Qualquer sorriso lhe sorriria
Que solidão não se ia com qualquer companhia
E que não faz mal
Não se deve temê-la
Nem sofrer ao lembrar

Ela descobriu o pior
Que o descobrir traz tudo à vista
Mas só se vê o que se quer
Descobrir não é querer
Descobrir é amargo

E descobriu o melhor também
Descobriu que nada tem que ser agora
Que nem toda verdade descoberta
Tem que ser aceita e engolida
Algumas mentiras ainda confortam
Alguns sentimentos podem esperar
Cobertos por caramelo
Dados de presente
E podem ser doce

Descobriu que descobrir é como ela
Às vezes, amargo
Às vezes, doce
Assim sentia um
Entregava o outro

Assim ela morreu
Silêncio pela menina agridoce