14 de abril de 2008

Açúcar ou adoçante?

Já dizia Renato Russo: "e hoje em dia, como é que se diz: eu te amo?"
Às vezes realmente fico pensando sobre isso... Será que sou uma exceção no mundo? Mas não vejo motivo das pessoas se orgulharem de se conhecerem e logo no primeiro olhar dizerem: eu te amo! Tá, hoje em dia algumas pessoas têm usado o "te amo" como arma de sedução... Diz que ama ali, diz que ama aqui e, pronto, pensa que tá no papo. Outras vezes o "te amo" vira brincadeira, diz pra agradar, diz pra não deixar o outro, vulgo "muito sentimentalizado", com vergonha de ser o único amando na relação.
E daí você conhece aquela pessoa especial, calça seu número, tem toda a imperfeição misturada com perfeição. Vocês saem. Momentos perfeitos, sorrisos e na despedida aparece um: já te amo. Ok! Não sei você, mas isso pra mim é brochante. Pelo amor de Deus, onde fica a parte que ele te conhece o suficiente pra dizer isso? Ah, você me ama? Então tá, como eu acordo? De bom humor ou querendo matar o primeiro que passar na minha frente? Como eu gosto do leite? Com nata ou sem? Eu gosto de sertanejo, funk, salsa? E se eu gostar, você vai me "amar" mesmo assim? E se meu filme preferido for o Titanic? Você vai vê-lo comigo sessenta vezes? E vai enxugar todas as lágrimas no final? E no dia que eu estiver nervosa, você vai virar a cara pra mim? E quando eu precisar, vai estar ao meu lado?
Esse é o risco. Dizer, mas no fundo não entender o que vem acompanhando esse "te amo". Amar de verdade é se emprestar um termômetro mesmo quando se está brigado. É querer defender, é conhecer, não tudo da pessoa (claro, porque isso nem nós mesmos sabemos), mas pelo menos saber se é açúçar ou adoçante, se é laranja ou melancia. É sentir diferença na voz ao telefone, é sentir ciúmes (sim!), é sentir saudades (o suficiente pra imaginar o que o outro está fazendo no exato momento!)... Amar de verdade não começa com um "amo você" logo de primeira. É preciso construção, não uma saidinha, um fim-de-semana... Amar de verdade começa com o respeito pela palavra amor!
E agora, Renato: quem vai nos salvar?

4 de abril de 2008

Bonequinha de boas-vindas

Já era uma da tarde e nada de Yasmin voltar para casa. A mãe já havia ligado na escola e disseram que ela já havia ido embora. Onde tinha ido parar aquela menina dos cabelos de chocolate? Então lá pras duas horas, a porta se abriu e entrou uma pequena criança de cabeça baixa.
-Meu Deus, onde você estava, Yasmin?
Ao levantar o rosto, Lúcia percebeu então a expressão triste no rosto da filha. E viu que havia começado a deixa-la com medo.
-Vem cá, minha linda. Senta no colo da mamãe e me conta o que te aconteceu.
Yasmin colocou a mochila ao lado do sofá e calmamente se sentou. Encostou-se no ombro da mãe, que já não entendia mais nada. Ficaram lá, mudas, durantes uns três minutos. Até então, que a menina decidiu falar:
-Desculpa mamãe. - disse em tom de choro.
-Desculpa por que?
-Por ter me atrasado para o almoço que a senhora preparou com tanto carinho.
-Oh, minha filha. Você me deixou preocupada. Onde você foi depois da aula?
Com as pequenas mãozinhas ela limpou algumas lagrimas que caiam, respirou bem fundo e começou a contar...
-Depois da aula, eu e a Bia viemos embora juntas. Só que no meio do caminho, a boneca de louça que a vovózinha dela tinha dado de presente, caiu no chão e quebrou.
-E você ficou ajudando ela a consertar?
-Não mamãe... Eu não sabia como consertar a bonequinha. Eu fiquei lá foi pra chorar com ela.


ê, bem-viiiinda, camilla :)