Soundtrack: Chico Buarque - Geni e o Zepelim
Tem dias em que morro de vergonha de ser mulher. Dá
vontade de pedir “ó Deus, na próxima quero nascer fazendo xixi em pé”. O porquê
é muito simples: entender uma mulher é tarefa altamente complexa, até mesmo pra
quem também divide aquele mesmo espaço com qualquer desenho de “menina” na
frente da porta (o próprio banheiro feminino). Meu raciocínio lógico não
parte do pressuposto que estou aqui para falar mal das mulheres, porque sendo
assim eu teria que expor as várias fragilidades e “ridicularidades” que compõem
o meu “ser mulher”. Mas brutalmente, me coloco disposta a debater uma temática
que parece babaca, passada, mas que sempre tem um espacinho na vida (tipo aquele
seu vestido preto eterno): homens. Dias atrás me apresentaram o tal aplicativo Lulu.
Confesso que dei risadas, mas depois de um giro de dois minutos, deletei. Não
ousei participar da “feira de domingo dos homens”, porque a partir do momento
em que vou à feira pra falar mal da pamonha, o moço da pamonha pode muito bem
me mandar ir dar uma volta e caçar uma pamonha melhor, AFINAL, essa é a lógica
da vida (e quem nunca disse a poética frase “tem quem queira”?). Ou mesmo o moço
da pamonha pode comentar com a feira inteira que “pior é ela que nem sabe fazer
pamonha e precisa comprar”. Então, depois de algum tempo sem sentir esse tórrido sentimento,
senti vergonha de ser mulher. Pra
completar, a gente comenta a atual falta do “desconfiômetro” no mercado, uma famosa ferramenta
que cabe em qualquer situação da vida. Vejo menina ligando de madrugada pra homem que tem
namorada, mulher que provoca um caos em rede social por causa de homem e não podem
faltar aquelas, que têm tanta coragem, que provocam pessoalmente(elas estão mais
perto do que a vã filosofia imagina.. Experiência própria!). Aí você vai tentar ser madura e senta pra entender
os motivos... Motivos? Não tem motivos! É só o gostinho mesmo (e a vergonha alheia). Você não faz nada, porque não é de
arrumar briga, mas o tórrido sentimento retorna: vergonha, vergonha, vergonha. Aí pra enraizar de vez, vem aquela clássica
mulher machucada que ao invés de tentar entender porque tudo acabou ou mesmo
aceitar, evoluir, partir pra outra, prefere postar indiretas no facebook, fazer o tipo misteriosa
e, claro, falar mal da pamonha na feira (quando a “pamonha” não vira a nova
mulher).
Olha, confesso que tenho N
motivos para as pessoas morrerem de vergonha de mim: minha risada é alta e eu
também sou alta pra caramba, então acabo andando meio torta, não sei andar igual modelo em cima de um salto, eu falo palavrão, nunca comi com mais de 3 talheres
numa mesa e não sei diferenciar os nomes dos carros (pra mim, Montana é igual
Strada) e nem os diversos tipos de macarrão. Mas, tenho orgulho de dizer que não sou de falar mal da pamonha
alheia. As pessoas não estão numa vitrine para serem compradas, avaliadas,
julgadas. Vejo muita gente tentando opinar em situações das quais elas não
conhecem nem o enredo, somente os personagens. Aí vira um tal de “Ah, fulano é
mais velho... Ah, certeza que é gay... Ah, ela roubou o namorado da outra”. E até chegar no próximo ouvido, a história já virou novela das nove. Eu
já sofri, já fui trocada, já fui largada, mas não desisti de ir à feira porque em algum momento eu pedi pamonha de sal e trouxeram de doce. A vida mesmo se encarregou de
mostrar que tudo que eu aprendi valeu alguma coisa, tanto que hoje estou feliz comigo mesma e meu relacionamento. Cansei de ficar compadecida
a esse tipo de complexidade feminina, porque não me encaixo nela e não vejo
sentido em quem vive assim. Não joguem pedras nas Genis sem saberem as histórias das Genis! A essas mulheres misteriosas, charmosas, impiedosas
e críticas fica o meu apelo: não fiquem caladas só porque vocês não tem o que
falar, fiquem caladas porque talvez assim vocês pareçam sábias e quem sabe,
interessantes.
Sobre a vergonha masculina, a gente comenta outro dia...