4 de junho de 2013

Aquilo que cabe em 1,79 por não sei quantos cm de cintura


Soundtrack: Gal Costa - Futuros Amantes

Tem dias que me sinto atrasada na vida. Inicialmente, quando as pessoas decidem discutir liberdade. E de modo pouco redutivo e não menos humano, quando falo a palavra liberdade a mesma não me remete à escravidão humana, essa coisa doída que nem sei discutir e imaginar conviver, pois como costumo comentar "existem assuntos que eu não entendo o porquê de ainda existirem". A liberdade humana pra mim é algo natural, o poder de ir, vir, querer voltar, recusar ou ficar. Por isso repito: não sei discutir essa doença que atinge alguém a ponto de prender alguém em nome da servidão pessoal, essa doença que chamamos de poder. Então, me retiro e passo a discutir um outro tipo de liberdade, porque estou chegando a conclusão que tenho uma mania (a qual tem me fadigado) de querer ver amor em tudo. Não é uma opção, é meio que uma decisão inconsciente. Quando vejo, os assuntos que quero discutir parecem deitar num divã e ficar repetindo: vamos falar de amor, vamos falar de nós. "Nós" sempre foi um assunto muito discutido por mim nesse blog, talvez porque eu gerei, criei, inventei, vivi muito "nós" (alguns foram nós mesmo, no sentido laço da palavra). Alguns textos foram sobre os desatamentos do nós, outros sobre o surgimento, mas sempre  sobre nós. Uma pessoa versus alguém. Digo versus, pois é daí que início meu julgamento de liberdade espiritual ou pessoal, como queiram. Relacionamentos são embates e por isso me sinto atrasada, pois descobri que eu sou a maior competidora de liberdade num espaço de 1,79m por sei lá quantos cm de cintura (ou seja, eu mesma). Eu não sei competir se sou mais bonita que as atuais dos meus ex, não sei competir se sou mais elegante, essas coisas babacas que mulher faz (digo no geral porque tem muuuuuita mulher assim, acreditem mocinhos!). No final dos meus relacionamentos ou mesmo em simples textos do blog, a única competição que eu gero é: eu/personagem sou mais livre que elas? Já fui muito julgada pelos homens por querer introduzir neles essa briga pelas suas liberdades pessoais. Já tive pessoas que pediam, no tom de exigência, mensagens antes de sair para qualquer lugar e isso não era para me privar da liberdade física, porém isso me privava da liberdade pessoal. Esse mundo adiantado exige que as comunicações tenham horas marcadas, surgimentos nos chats, respostas imediatas para inbox, sinalização de "já visualizado" quando às vezes o que vai mudar a ordem é eu ligar um pouco mais alegre depois de duas cervejas ou depois de um filme romântico com as minhas amigas, dizendo que amo/sou/queroprasempre, mas como eu já tinha ligado pra falar que eu estava indo fazer tal coisa morro de preguiça de aparecer de novo. Sou meio fugitiva das faltas de liberdade pessoal e já me ferrei muito por causa disso. Já fiquei como a malvada, manipuladora, individual. A verdade é que eu só parava de sofrer depois que eles arrumavam outra pessoa e eu me sentia livre no comparativo (sendo que a segunda verdade é que eu sempre fico com saudade de quem eu amo, onde quer que eu esteja, alguém acredita em mim, por favor, obrigada).
Resumindo: eu amo falar de amor e amor pra mim é ser livre. Carpinejar (um idolatrado escritor que pra mim toma hormônio feminino, porque nunca vi conhecer tão bem uma mulher) diz que "liberdade na vida é ter alguém pra se prender". Quando li isso achava que um dia eu teria que me prender às pessoas para saber o que realmente é amar, ficar junto demais, fazer tudo junto, porque prisão me remete algo muito físico. Até que descobri que prender-se em alguém é ser tão livre a ponto de uma alma voltar para a outra alma, mesmo depois de uma noite separados, um almoço distante, uma briga meio sem jeito, uma ida demorada numa outra cidade ou até mesmo no banheiro. Já amei de cara pessoas que eu mal sabia quem eram, já deixei de amar pessoas que eu posso descrever até a cara de nervoso. A semelhança entre elas? Nenhuma. Ninguém é igual. Aceite isso e a vida será mais fácil. A semelhança quanto a mim em todos os relacionamentos? Acreditei na minha liberdade. Quando sei que perdi alguém, sei que ganhei mais de mim, pois em cada pedaço vou fazendo os nós que um dia me farão ser um "nós", assim como vou aprendendo a me desatar mais fácil. Sei que quando falo dessa coisa de deixar ir, mesmo quando se está ou deixar ir quando não há mais nada visível é algo meio sem propriedade, pois nunca ninguém vai de verdade. Tem quem acredita, tem que me ache louca. Eu ainda me lembro do primeiro paquerinha que eu tive toda vez que eu ouço uma música do CPM22. Lamentável, porém real. No fundo, eu acho que só acredito no amor, nessa babaquice que é procurar liberdade onde todos procuram um cheiro bom e um buquê de rosas. Amo gente livre e assim abro meu dicionário: amor pra mim é ser sempre livre, pra nunca ter medo de voltar, nunca ter medo de se achar errado, nunca ter medo de encontrar o certo.