30 de julho de 2009

Na calçada de lá


Soundtrack: Kate Nash - Birds

Mas vou arriscar nessa, comecei a te aceitar com humildade, assim como comecei a aceitar tua falta. Só que deixei dessa de "preto e branco" combinando com melancolia, me pintei aqui dentro de amarelo. Agora, passei a deixar as coisas passarem e quando dá vontade eu enfio na frente, na esperança de alguém pular para me salvar, pular junto, o que seja. Ou até na idéia de eu me deixar ser atropelada mesmo. Dia desses estava eu andando na calçada e um caminhão de coragem vinha chegando. E olha, eu tava muito a fim de ser atropelada! Na verdade, eu tinha cansado dessa de viver tentando te achar por aí, tinha cansado de você não viver dentro daqueles prazos de validade. Na verdade, não queria te perder fácil feito requeijão, mas queria você meio gelatina. Sabe? Que mesmo quando a caixa tá ficando empoeirada, quando você tira o saquinho lá de dentro e taca na água quente, fica gostoso do mesmo jeito, até pra beber na hora. E nessa brincadeira, eu seria a água, ali a toda hora, esperando para ser fervida. Durante alguns segundos, enquanto a coragem se aproximava o desejo tomou conta de mim por inteira e eu pulei. Eu apertava os olhos, ainda com medo do choque, quando olhei para o lado e te vi na calçada de lá. Me olhando, mas não me entendendo. Vi numa fração de segundos que os seus olhos não me pediam para te esperar, não me diziam: eu vou pular também, eu vou com você... O caminhão de coragem bateu, passou por cima e quase não me fez olhar para o outro lado para ver que outra pessoa tinha pulado comigo. Talvez seja importante mesmo a tal história de não olhar só para um lado. É bem verdade que te quero bem, que te deixo na parede da memória, que você se tornou um grande amigo. Só que agora faço questão de olhar por quem me olha, por quem me quer pintada de uma cor a cada dia. E do fundo do coração, sabe o que eu te desejo? Muitas ruas, com muitos caminhões... Mesmo que você esteja na calçada de lá.