26 de junho de 2009

Metamorfose


Soundtrack : Sei lá... A vida tem sempre razão - Vinicius de Moraes

Hoje tive uma conversa com meu espírito e ele me pediu, ainda que sussurando, para ser gente grande. Fiquei tentando realizar em pensamentos o que isso quer dizer e me dei conta de que não sei muita coisa nessa vida. Eu até sei que é normal a gente sobreviver nessa travessia meio louca, misturando a realidade com a espera de respostas vindas de algum lugar. Misturando o mistério de viver com o próprio desejo de explicações até o último segundo. Mas eu, enquanto criança que sou, nunca tinha ouvido falar, por exemplo, dessa fragilidade de ser alegre. Ando percebendo que em grande parte das vezes a alegria é fácil de ser roubada e acabamos deixando. Pode ser também que seja só efeito da gravidade ou desse Sol que anda queimando a gente por dentro e fazendo a felicidade evaporar, feito ópio, coisa assim. A verdade é que nada anda bem explicado e ser gente grande menos ainda. Que em toda perda a gente acaba doendo, isso eu sabia. Mas em meio a todos esses sentimentos de gente grande, é preciso que haja a urgência infantil da esperança e da coragem. É preciso que se abrace a necessidade de ser feliz, que se aceite as bençãos, que se viva os dias, que se ame, que se mude, que se recuse e que também se perca! É preciso estender as mãos para que se receba a vida, sem deixar que a felicidade caia por descuido nosso. E é preciso que, assim, se molde a vida com as próprias mãos. Hoje decidi virar gente grande. Decidi me inventar extremamente feliz, misto de angústia e doçura. Me inventar meio inquieta na necessidade de entender tudo, mas preferindo a falta de fronteiras do não entendimento. Hoje decidi ser livre... E que assim seja!

5 de junho de 2009

De repente, não mais que de repente


Sountrack: Sia - My love

Talvez ninguém saiba ainda o momento exato em que se acaba um sonho. Eu mesma costumo confundir falsos desejos com sonhos. Mas hoje descobri onde a “alguma coisa”, a qual ganhou teu nome, morreu. Foi logo aqui em mim, num fechar de olhos, nas curvas das pálpebras. Morreu numa lágrima, seguida de duas, três, quatro... O difícil foi impedir as mãos de limparem as lágrimas sinalizando a última vez, sinalizando o fim e dando lugar ao necessário amor próprio. Uma limpeza dizendo não ao amor por pura rendição! Foi momento de redenção, como se ao mesmo tempo a necessidade fosse pedir que limpasse sim e que provasse que carregar pouco sentimento dos outros nos ombros não pesa, mas também não faz diferença. Talvez, só talvez, eu quis que as coisas tivessem sido diferentes. Mas enquanto te tirava de mim em cada gota, consegui me imaginar em outros momentos, sofrendo mais e mais, tentando me adaptar a esse seu jeito fácil de levar as pessoas. Talvez foi só um erro. Erro ao ter imaginado uma linha na palma da minha mão para tentar descobrir qual seria o nosso futuro, enquanto na verdade essa linha nunca existiu. Muito menos, nós dois! Só sei que hoje em cada rua que andei vi tudo que era teu aqui dentro sendo atirado para trás em cada passo que eu dei adiante. E sei também que ainda te verei ficando para trás, perdido em meio a tanta esperteza, sendo quase carregado pelo vento por ser tão vazio. Eu queria sim, te encontrar um dia por aí, te chamar para tomar um café num dia frio e poder olhar no teu rosto sem qualquer receio, porque a cicatriz já vai estar no lugar, num “objeto vermelhinho” que fica aqui dentro de mim e que você não verá mais. Sabe, talvez agora o mundo comece por aqui e seja a hora de eu tirar uma outra pessoa de dentro da mala. Essa pessoa sou eu, lotada de coragem. Sou eu que me guardei para o dia que você fosse embora.