Soundtrack : Sei lá... A vida tem sempre razão - Vinicius de Moraes
Hoje tive uma conversa com meu espírito e ele me pediu, ainda que sussurando, para ser gente grande. Fiquei tentando realizar em pensamentos o que isso quer dizer e me dei conta de que não sei muita coisa nessa vida. Eu até sei que é normal a gente sobreviver nessa travessia meio louca, misturando a realidade com a espera de respostas vindas de algum lugar. Misturando o mistério de viver com o próprio desejo de explicações até o último segundo. Mas eu, enquanto criança que sou, nunca tinha ouvido falar, por exemplo, dessa fragilidade de ser alegre. Ando percebendo que em grande parte das vezes a alegria é fácil de ser roubada e acabamos deixando. Pode ser também que seja só efeito da gravidade ou desse Sol que anda queimando a gente por dentro e fazendo a felicidade evaporar, feito ópio, coisa assim. A verdade é que nada anda bem explicado e ser gente grande menos ainda. Que em toda perda a gente acaba doendo, isso eu sabia. Mas em meio a todos esses sentimentos de gente grande, é preciso que haja a urgência infantil da esperança e da coragem. É preciso que se abrace a necessidade de ser feliz, que se aceite as bençãos, que se viva os dias, que se ame, que se mude, que se recuse e que também se perca! É preciso estender as mãos para que se receba a vida, sem deixar que a felicidade caia por descuido nosso. E é preciso que, assim, se molde a vida com as próprias mãos. Hoje decidi virar gente grande. Decidi me inventar extremamente feliz, misto de angústia e doçura. Me inventar meio inquieta na necessidade de entender tudo, mas preferindo a falta de fronteiras do não entendimento. Hoje decidi ser livre... E que assim seja!