3 de novembro de 2009

Como se fosse ontem e amanhã


Soundtrack: Sara Bareilles - Gravity

Meras tentativas, mas tão doces. Doce como te beijar, doce como quando passa alguém com o teu cheiro perto de mim e fico te procurando, na esperança de você chegar bem perto do meu ouvido e me encher o estômago de borboletas. Doce como você me abraçando, como eu te abraçando querendo entrar dentro de ti e saber o que mais tem aí dentro. Doce como o mundo que eu criei pra você dentro de mim, doce como te ver sorrindo, como te esquecer às vezes só pra lembrar novamente. Em meio a tardes, papéis, livros, fazia da sua lembrança um modo de desfazer um nó daqui de dentro, fazia da sua presença minha sorte. Te quis perto de mim não ligando para o que achassem, quis sua verdade, quis ser sua verdade. Cheguei a pensar que até se um dia eu estivesse em Madagascar, ou sei lá, algum lugarzinho que eu considere bastante improvável, ainda assim pensaria em você e talvez te escrevesse um postal pra falar de qualquer coisa. Mas hoje, sobrou silêncio. E não que ele também não seja doce! Talvez seja o tal do silêncio de respeito. Talvez as palavras traiam o que a gente sente e então é melhor não dizer nada... Hoje me peguei parada, estaca zero, não consegui ir adiante. Tenho o sério defeito de ficar pensando no próximo passo, não como sinal de desespero, nem de flutuação. Algo como pensar e guardar só pra mim, pra enfrentar o destino. Mas parei de andar, quando vi que na verdade não havia passo a frente. Agora, é hora de aprender de novo. Recomeçar: a tal palavra de sempre. Fazer o presente valer também por ontem e amanhã, fazer terça ser o aprendizado de segunda aliado ao mistério da quarta. Nem vou perguntar porque você se foi, nem vou dizer que estou triste. Não te chamo de pequena construção, nem de obra faraônica, você é uma sala aqui dentro de mim e agora só faço questão de te pintar e cuidar de você, entendendo que a sua cor mudou. Saiba que o postal ainda está de pé e quem sabe, talvez uma música ao pé do ouvido.