Soundtrack: Kodaline - All I Want
Pequenas mortes entram em sua vida mesmo quando tudo que se desejou foi acreditar na vida das memórias. Elas entram naquela pequena passagem que as mentiras fazem e de lá seguem caminho para o inconsciente. Até que acordamos e não existe mais o mesmo cheiro, não existe mais o mesmo gosto, não existe mais a mesma dor e nem o medo - de amar de novo, de sentir de novo, de sofrer de novo. Somos renovados pelas pequenas mortes cotidianas e criamos assim novos espaços para viver e nos reencontrarmos nesse ciclo. Como a borboleta que abandona seu casulo, nascemos a cada abandono do que passou e sentimos a liberdade que é o vento novo batendo no rosto, abençoando nossas cicatrizes... Pequenas mortes selecionam e fortalecem o que há de melhor em nós, pois é isso que sempre resta. Os risos simples, os sonhos, a companhia da sua própria fé e o amor verdadeiro. Pequenas mortes nos salvam e nos dão pele nova pra transpirar, mesmo quando nem sabemos, mesmo quando tudo parece não fazer sentido. Elas nos relembram um pouco da nossa humanidade e da nossa fraqueza, quando percebemos que sofrer é inevitável em qualquer parte do caminho, mas que, às vezes, para que algo morra é preciso que a gente caia junto, no aguardo do nosso renascimento. E assim, entendemos que nesse caminho atropelado por descuidos, a nossa história deve sempre caber dentro de nós e não dentro do que os outros criaram para nós.
Vale a pena morrer... Vale a pena o zumbido, vale a pena o silêncio, vale a pena o grito interior e o estouro, vale a pena cada lágrima, pois isso tudo é a vida - aquela mesma que um dia você deixou de lembrar que controlava.