20 de novembro de 2008

Mutação


Soundtrack: Death Cab For Cutie - A lack of color

Ela aprendeu o que era amor. Amor por aquele desajeitado, que gostava de bossa e sorria mais pra um lado. Era amor por aquele que também gostava de cachorro-quente com mostarda, de Fernando Pessoa e Mário Quintana. Era amor por aquele que ria da cara dela ao vê-la com a blusa ao avesso, por aquele que não sabia contar piada, que comia e ficava com a boca suja. Amor por aquela serenidade, por aquele gosto por crianças, pelo cheiro. Era amor pela inteligência, pelo tato, pelo contato, pelo suspiro. Era amor pelos dedos largos, pelo cabelo preto, pela alma limpa. Amor pelos olhos, por tudo que os outros não viam (mas ela via). Era amor com calma, sem encher tudo de palavras bonitas e depois sentir o receio de que não havia mais o que se dizer. Era amor sem precisar dizer eu te amo! Era amor sem entender... E foi amor! Até o dia em que descobriu o que ele já sabia. Descobriu que entre eles havia duas coisas: tudo no mundo e uma outra... Uma outra hora, uma outra vontade, uma outra pessoa. Pegou o amor e guardou na gaveta. Enlaçou os dedos e fez um pedido. O A de amor logo entendeu o recado.
Ela aprendeu o que era amizade... (E fiquem com as reticências!)

2 comentários:

Anônimo disse...

nossa :') coisa mais linda do mundo, amiga!

W. A. S. disse...

Foi exatamente dessa maneira que eu aprendi a aceitar que não se pode ter tudo que quer e que o destino às vezes é cruel.

Belo texto.