6 de novembro de 2011

Dentre todas as coisas, o amor



Soundtrack: Adele - Don't you remember

Fizeram a gente viver distinguindo isso que é o certo ou o errado. Fizeram a gente acreditar que ou algo te faz bem ou algo simplesmente te faz mal. Enquanto a gente vai se enfiando por entre coisas agridoces, vamos tentando perder a essência fazendo com que elas sejam agri ou doces. Fizeram a gente acreditar que alguém só te fez feliz enquanto você não o perdeu. E enquanto isso vamos deixando de acreditar no que as pessoas podem representar e ensinar. Se terminou, não foi amor. Se não durou ao ponto de se mostrar os defeitos mais subversivos ao potencial pessoal de alguém, não foi amor. Fizeram a gente acreditar que se não houve mudança dos seus hábitos por alguém, não foi amor. Acreditar que se pode reinventar o outro vezenquando? Não, não pode. Porque fizeram a gente acreditar que o amor é palpável e o que você vê tem que ser o que você ama. Fizeram a gente acreditar que se mexe com os hormônios, se faz sentir tesão (misturado a algumas doses de vodka), não pode ser amor. Porque o amor é sempre puro. Fizeram a gente acreditar que desencontro não é amor. Que se perder no caminho é sem volta, porque o amor não se adia. E assim, fizeram tudo ter prazo. Enquanto o destino vai separando as pessoas e outros vão se descrendo do chá de maturidade que pode ser o tempo. Fizeram a gente sobrepor o amor aos avessos humanos. Fizeram a gente acreditar que no amor a gente cronometra as palavras, que é feio, às vezes, explodir e realmente não querer voltar atrás, simplesmente ter vontade de esquecer. Porque ensinaram que amor é sempre perdoar. Fizeram a gente acreditar que o que vale é o "no final das contas", enquanto o mais bonito é "o que se somou para chegar no final das contas". Fizeram a gente acreditar que amor é apresentar uma mão diante de uma jura de amor repetida por vários, enquanto talvez você passe anos sem apresentar as duas que você tem ou ver quatro mãos.
Ensinaram tanta coisa errada e ainda não temos talvez aceitação para a única verdade de todos os tempos: o amor dói. Dói de alegria, dói de ansiedade, dói de saudade. Dói no ganho, dói na perda, dói no desgaste. Dói porque é humano. Dói até o dia em que se torna indiferente, porque o motivo para ter dado certo foi simplesmente ter dado errado. E então ele renasce. Porque para amar não precisa existir um amor para a sua vida, precisa existir o que lhe é entregado em prece diária: a sua vida com o que você chame de amor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha primeira vez no seu blog... ja li nessas 3 hrs, sobre vinil, amores, adubos, e soh to con uns 2 copos de vodka a mais... parabens!!! vc eh foda!!!

Camilla Leonel disse...

obrigada, anônimo! rs
aí fica difícil saber quem é. :P