24 de maio de 2010

But I'm long gone



Soundtrack: Iron and Wine - Flightless Bird, American Mouth

Me lembrei de um dia em que você estava indo embora e eu perguntei: já posso sentir saudades de você? Em resposta, simplesmente ganhei um sorriso, daqueles meio sem jeito e te vi descer as escadas. Hoje, depois de vários meses, me peguei pensando nisso. Por que diabos te fiz essa pergunta, sabendo que não existiria resposta alguma?! Se eu fosse um pouco mais esperta teria me prometido te esquecer naquele instante. Não deveria ter atendido mais o telefone, deveria ter virado um tatu no buraco, abelha rainha na colméia, raposa na toca. Simplesmente esquecido, escapado, sem te dar direito qualquer da sua mínima resposta: seu sorriso canto de boca, que doeu. Doeu você não permitir a minha saudade, essa que seria só minha. Eu que não estava nem pedindo a sua saudade, eu que não pedia pra que você lembrasse de mim, em pleno estado de "nada concreto" na sua vida. Pedi apenas pra que me deixasse te lembrar, pedi um copinho americano de carinho. Cheguei a pensar que pudesse merecer algo melhor e nem precisava ser o tal do seu amor. Aliás, eu nem sei se essa palavra seria tão maior que ganhasse do teu abraço, das nossas conversas. Talvez eu só quisesse isso, o teu sim, o teu consentimento, as nossas diferenças e até acreditaria no dia em que você acabaria com esse medo de deixar o coração rastejando baixo, essa coisa superficial. Eu secaria o seco, eu falaria rouca, eu amaria por dois, porque no fundo eu não me daria nem conta. Mas quando você desceu aquela escada, você fez por nós. Na verdade, a dor que ganhou não foi a do seu sorriso sem vontade, foi a dor de nem precisar secar o teu seco. Foi a dor de não poder escolher como eu devia me sentir e apenas sentir, de não precisar tentar. E lá estava a mocinha: out! Antes de querer sair, antes de pensar em deixar de amar, antes de escrever a primeira página... Out.

Um comentário:

Luiz Hozumi disse...

A indiferença dói. Gostei muito desse texto também.