11 de maio de 2012

Do fundo do meu coração



Soundtrack: Adriana Calcanhotto - Do fundo do meu coração

Possibilidade deveria vir com bula. "Recomenda-se pés nos chão durante todo o uso. Evitar super dose e não misturar com o sentimento dos outros. Aplicação oral". Acontece que entre um lance e outro de uso, a gente se engana. Tomar a possibilidade é simplesmente não tomar nada, além da dúvida. Efeito placebo. Acontece que entre uma dose e outra sempre cabe um pouquinho de invenção, saudade, planejamento. E sobra espaço pra se decepcionar. Sobra espaço pra se esperar por alguma coisa que caia do céu, uma resposta mirabolante,  um momento especial capaz de transformar totalmente o foco da situação, capaz de levar a gente junto.
Fiquei pensando no que essa vida promete pra gente. Se é algo contagiante a mania de me enfiar em coisas idiotas, de insistir em pensar o que eu quero de você, sem nem saber o que eu quero de verdade pra mim. Não sei se isso é medo, se tem alguma relação com minha desconfiança até de tentar atravessar a rua quando o sinal está amarelo. Não sei se tudo só parece sair do lugar sem girar ou se por tudo realmente ter girado, você saiu do lugar em que eu te encaixei (ou do lugar onde talvez você nunca coube). Me diz então, como é que se espera por algo que não chega? Onde é que eu caibo nessa história? Quando é que eu fico doce, deito na cama e vejo a beleza de estar sozinho? Me diz como se olha pro teto sem parecer que ele está prestes a cair? Me explica como se diz boa noite sem a impressão de que o dia se encheu de coisas prestes a explodir num simples fechar dos olhos? A questão é que essa cena tá velha: as pessoas mudam e mentem. E nessa urgência de verdade a gente opta por qualquer caminho, independente do destino. Até cair de novo em visões paranormais do que se pode ser, de coisas que podem aparecer ou simplesmente desaparecer. Até se entupir, até se esvaziar.
Não menti, eu assumidamente te quis e até tentei te procurar depois de tudo, mandei uma ou duas mensagens, sem resposta. Na teoria, penso em você confuso, sentado no sofá, numa sexta a noite, pensando "meu Deus, o que se passa na cabeça dessa menina? Como ser sincero e não parecer um babaca?". Na realidade, vejo você parar qualquer coisa que está fazendo, ler a mensagem e jogar o celular num canto, solubilizando no silêncio todo o remédio da possibilidade. Vejo você se dissolver entre as minhas veias, artérias, oxigenar meu cérebro, dar um "barato", até ser eliminado pelos olhos. Talvez seja isso, não tem como explicar, às vezes acabamos sozinhos por acreditarmos muito na hora errada e ficamos olhando pro teto, olhando pras pessoas, colocando vírgulas no caminho. Ou tentamos nos apegar à ideia de que quando menos esperarmos algo vai acontecer e enfim vamos assinar um contrato vitalício com a verdade, mesmo que seja até amanhã de manhã, mesmo que a gente continue com medo de atravessar a rua com o sinal amarelo. Acho que essa história acabou de perder o poder. Dissolveu, feito seu silêncio, feito a nossa mentira. Enfim, chegou nosso dia de contrato vitalício com a verdade, sendo que ela agora já não importa tanto mais, importa? Nossa verdade veio com o tempo e a partir de agora, vai embora com ele. Estar longe é quase esquecer.

26 de março de 2012

Previsão do tempo



Soundtrack: John Mayer -  Comfortable

Me diz então: como é que você cabe em tanta coisa? Você cabe no barulho de chuva batendo no vidro da sacada, cabe na rúcula, na mostarda, no barulho que os pneus fazem dentro da garagem quando chego em casa. Você cabe nas 500 histórias que eu conto sobre como as pessoas aprendem a ser independentes e cabe até no meu cansaço de trabalho. Você vira cada gota de água que cai do meu chuveiro, cada música que sai dos meus fones de ouvidos, você vira cada vazio que ecoa ao final do dia. E aí lembro de quando te conheci e não dei a mínima pro seu jeito relaxado, pro seu papo repetido. Mas não lembro onde você me ganhou, não lembro em que parte daquele encontro você me arrancou um sorriso daqui de dentro que não me fez te atirar contra as pedras, como eu costumava fazer com as pessoas que tentavam se aproximar de mim com litros e litros de clichê barato. Não lembro se eu sorri, mas lembro que você sorriu, branco, verdade, mentira. Não sei se minha perna tremeu, mas sei que você usava uma bermuda xadrez linda e reparei na sua panturrilha quando você se virou (e ela também era linda). Não lembro se eu arrepiei, mas lembro que sua mão tirou minha franja do olho, na mesma velocidade em que eu via seus olhos úmidos e dilatados no escuro da falta do que dizer. Não lembro o que eu fui, mas lembro tudo o que você fez. Não lembro se te contei que gostava de homens charmosos, mas lembro de você me roubando um selinho enquanto eu falava, seguido da minha boca aberta partindo para um sorriso. Desconfiada, você me desarmou. Colou uma junção de mãos por cima do momento e me girou, te vendo passar pela minha retina embaçada. Não lembro se meu coração bateu forte, mas lembro de você olhar pra mim enquanto eu girava e dizer: me dá seu telefone. E eu dei. Feito jogo de bingo, cantei todos os números e quase perguntei: você anotou mesmo? Você vai me ligar mesmo? Isso é verdade mesmo? Diante de tanta gente, não lembro se você pareceu ser meu, nem se eu pareci ser sua, mas talvez chegamos a ser alguma coisa do tipo "nós".
É engraçado dizer isso, mas meu último olhar pra você naquele dia foi um dos melhores que eu já dei num primeiro encontro. Foi como sentir o coração batendo forte só de se encostar o joelho, foi como sentir o canto da boca coçar de vontade de sorrir. Depois que você foi embora, a anestesia passou. Deixei meu número ser só um sapatinho da Cinderela e mais fácil do que ficar procurando de pé em pé, agora era só me ligar. E lembro da sua primeira mensagem: "já estou com saudades". Sem te ter por perto, pude observar como eu ficava quando o assunto era você. Queria escrever tanta coisa, pra falar de tanta coisa, até me freiar num: "eu também :)". Cheguei a lembrar daquilo que os antigos costumavam dizer sobre ternura e que eu já não acreditava. Talvez ali o mundo sacudiu, seguidos de outros sorrisos, beijos, joelhos, barrigas, coxas, arrepios bons, sapatinhos de Cinderela. Por algum tempo, senti sua falta. Mas ficou grave quando senti sua ausência, com seu carimbo, sua assinatura, minha responsabilidade. Nesse vazio com seu nome, preferi sorrir e parecer independente, como as 500 histórias que eu aprendi a contar. Preferi falar que a gente se encontra por aí, enquanto eu conto os dias num calendário sem data prevista. Porque sei que isso vai te dar medo, como todas as outras coisas que tentam te desviar do seu percurso, que tentam te dar saudade de coisas que nem foram. E estranhamente, sem te tocar, a sensação é de que você agora parece bombril limpando meu amor próprio, meio enferrujado, meio sujo, meio velho. Como se nesse sumiço você mandasse o recado: troca o freio.
Não sei se estou bem, se estou mal, se estou pro que der e vier ou se só estou aqui precisando selecionar melhor as músicas (que doem mais) no meu MP3. Não sei se Deus aceita pedidos amorosos ou se é nessas horas que ele pisca os olhos e não presta mais atenção. Mas talvez se Ele só puder me ouvir, quero pedir o gosto de rúcula na boca de volta. Quero que a chuva não me incomode por lembrar de você deitado com meu rosto no seu peito. Quero só sentir o cansaço do trabalho, sem ter que pensar se você também está cansado, se também pensou em mim, se também sentiu vontade de me mandar uma mensagem. E até você decidir aparecer, só me ensina como caber nas minhas coisas também. Ou me ensina a ter medo de ser feliz com você, porque acho que vai começar a chover e, agora, você já sabe o que acontece.

12 de março de 2012

Let me be



Soundtrack: Bon Iver - Flume

Antes de você falar, não me culpe. Eu tenho essa péssima mania de ser mandada pelo meu coração e vezenquando ele diz coisas que eu não sei filtrar. Não me culpe se ele te escolheu para olhar. Não me culpe por não saber filtrar esses olhares em cima do que é, em cima do que pode ser, em cima do que não foi (e nem será). Ainda não sei até onde vai a linha entre as vontades que vivem e as vontades que morrem. Não sei onde se esconde a simplicidade que é ignorar, virar a página, esquecer. Não sei em que ponto as renúncias acabam se recolhendo e dando lugar a uma segunda chance de te olhar com carinho. Não sei como você injetou esse doce dentro de mim, fazendo essas formigas andarem por todo meu estômago quando me aproximo da ideia do quanto dava pra ser feliz. Ou será que elas só se mexem de fome? Sem comida, sem doçura. Pedindo um asilo, um novo lugar pra viver ou então só um destino pra iniciar o nomadismo. Bate aqui no meu peito, sente o oco? Pois é, eu tô tão cheia e mesmo assim pareço não ter nada. Talvez esse barulho seco vem dos vários "quase" que você empilhou aqui dentro de mim. Quase feliz, quase diferente, quase juntos. O que era "um mais um igual a dois" virou uma conta estranha, uma operação matemática difícil de resolver. E nessas horas onde se meteu a minha intuição? Nunca foi boa com contas e ainda assim fiquei ali tentando nos resolver. Somei, multipliquei e não adiantou: em resultado pequeno qualquer subtração maior do que a gente é vira número negativo. O mal dos relacionamentos é esse, não queremos nos machucar, mas quando isso acontece escolhemos sofrer. A gente tem dias de adorar ver a casquinha da ferida crescer, mas temos dias em que gostamos mais ainda de ficar arrancando pedacinho por pedacinho. E depois de tirar tudo, deixamos a carne ali pra mostrar e exemplificar a dor. A gente precisa esmurrar o coração, bater a cabeça, machucar o corpo. A gente esgota as possibilidade até que surge uma força interna, maior do que a dor que diz: tá na hora de parar de arrancar casquinha. Nesse momento você percebe que desarrumar a casa te faz perceber o quanto é bom ter as coisas no lugar. Quando estamos em ordem aqui dentro, sabemos exatamente onde procurar o que precisamos. Sabemos que naquela gaveta ficam os sorrisos, enquanto naquela cômoda a gente guarda o amor próprio.
Antes de você falar, não me culpe. Me deixa te agradecer pelo que foi e só me dá um murro bem dado, pra machucar e ver que nisso tudo você não sente nada, nem uma dorzinha na mão, porque você é forte e quem sempre acaba doendo sou eu. Mé dá um murro pra machucar, pra dar ferida. Me deixa tentar te ver ali naquela casquinha crescendo esquecida, sem a mínima vontade de mexer. Me deixa tentar descobrir onde você morre nessa história, porque eu já tô cansada de saber só onde você nasceu. E aproveita que já tá batendo e mata essas formigas que você enfiou aqui.

29 de janeiro de 2012

desAcostumar



Soundtrack: Adele - Lovesong

Olha, passei o dia todo tentando desviar o pensamento de você, de qualquer resposta sua que caia do céu, enquanto a única coisa que me aparece é uma chuva boba, que faz um barulho gostoso na janela e que me tira a coragem de sair na rua. Eu sei que o ano novo sempre chega com promessas novas, com desejos diferentes, de mudança, renúncia... Alguns planos nascem e outros morrem diante da nossa pormenoridade de precisar de datas fixas, como começar dietas em segundas, como prometer esquecer uma pessoa depois do domingo. E de uma forma hipócrita eu sou essa pessoa, que aumenta seu prazo de validade mesmo quando você some o final de semana inteiro e me aparece na segunda de manhã, com uma mensagem falando do meu sorriso. Eu esperei seus beijos telepáticos, esperei sua presença e dormi sozinha antes de olhar o celular pela última vez. Eu quis entender o que era saudade pra você, que me procurava dizendo isso, mas que parecia não entender o vazio que é isso. A gente não sente saudade de andar de mãos dadas, a gente não sente saudade do sexo, isso é um costume que se desacostuma. A gente sente falta é da nossa mão junto da mão dele, do nosso corpo junto do corpo dele, porque se saudade não tem sujeito, a gente sente de qualquer um. A gente sente falta é de presença, de atitude. E quando falta, quando a gente está no carro, no meio de um trânsito e não tira o pensamento do jeito que ele sorri mais pra um lado, aí sim você manda uma mensagem e diz: tô com saudades. Eu quis ironizar o amor, parecer durona, mas quando eu ouvi aquela piada que você sempre conta na mesa de um bar, a minha vontade foi me esconder no banheiro pra não ter que ver o amor rindo da minha cara ali mesmo. Faço desse nosso jogo uma coisa indiferente para os outros, finjo que meus sinais vitais estão no pico mais elevado. Coração batendo forte, saio, bebo, distribuo sorrisos, canto que "hey, hey, estamos aí pro que der e vier", chego em casa e abraço minhas pernas. Nada deu, nada veio. Acho que não sei ficar sozinha. Admito. Mas não consigo admitir que eu não quero ficar mal acompanhada. Não tô afim dos seus pedaços, que sobram depois de uma semana em que você se ensopa com outros assuntos e eu fico aqui, seca. Mas também não sei conter a ansiedade quando meu celular faz aquele barulhinho de mensagem. Por isso, vim te procurar com um plano pra que eu não precise lembrar de você só com disfarces tecnológicos. A ideia parece simples: vamos nos aceitar, com toda essa bobagem de ser feliz do jeito que dá. Eu não sei mesmo o que me faz falta, mas já entendi que por agora, você se encaixa nesse quesito. Já entendi que algumas coisas não são certas, nem são erradas, algumas coisas são só momento. Sei lá porque você apareceu agora, lindo assim com esse óculos, essa barba, esse... Enfim, esse é o momento e vai ter que valer pros dois lados. Faça alguma coisa valer a pena, faça a minha cama amarrotada por mim mesma, de tanto rolar de um lado pro outro, valer a pena. Não me prometa felicidade, me prometa presença. Não quero essa saudade que você diz sentir, quero só meu coração sossegado enquanto deito no seu ombro. Não somos a história mais bonita, não vamos ter um livro pra falar de nós, você não é o último homem da minha vida, então vamos nos aceitar essa coisa torta, esse "sim" disfarçado. Você é má companhia, mas meu coração é burro. E até ele acordar pra isso, seja lá como você queira aparecer, só apareça. Porque hoje é domingo e amanhã é segunda... Um ótimo dia pra começar promessas desajeitadas.

26 de dezembro de 2011

Attraversiamo



Soundtrack: Caetano Veloso - Oração ao tempo

O tal relativismo da passagem de ano. Engraçado como realmente 365 dias são capazes de nos transformar, nos aproximar, nos afastar, nos encher os olhos com perspectivas diferentes. 2011 foi um ano de intenções, planos desfeitos, refeitos, concretizados. Sem dúvida alguma, o ano mais difícil de todos os 20 que já pude presenciar. Pensei em muitas palavras capazes de descrever e a melhor foi: FÉ. Com tudo que ela traz, uma palavra de duas letras teve um poder energizante sobre tudo que agora eu sou, nessa quase chegada de 2012. Sem qualquer palavra pomposa, a fé, esse "algo" nada palpável, mas tão visível, tomou conta de mim com a mesma facilidade que qualquer luz consegue iluminar um quarto escuro. Esse ano me conheci diante desse mistério que é crer, sentir, agradecer, celebrar nosso amor interno. Mantive a fé em algumas pessoas, outras a cativaram. Acreditei, confiei, investi nesse poder que é o encontro de almas. Essas pessoas conheceram meus melhores sorrisos, tiveram meus melhores abraços, me aqueceram nessa manta quentinha que é a amizade. E a eles, vai meu muito obrigado. Talvez sem ver, num simples olhar, vocês me deram uma força tremenda que nunca caberia em palavras. Tive fé também nas decepções, nos erros, nas despedidas. Esse ano mais do que nunca fui prova de tal frase tão corriqueira, mas ainda assim tão verdadeira: "nada acontece por acaso". Não me arrependo dos passos em falso, das pessoas que me desapontaram ou o próprio destino, esse pregador de peças, que por muitos dias me roubou o sossego, colocando no lugar um olhar perdido. Me vi diante de reflexões maduras, até infantis e concluí que realmente não adianta querermos encaixar momentos onde eles simplesmente não cabem. Sou total fã do coração, dessa magia que é deixar o sentimento transpirar, mas de vez enquando é bom acreditar no poder que as nossas pernas podem ter de fugir de algumas situações, de escolher rumos diferentes. De vez em quando um pouco de anti-transpirante de sentimentos tem que existir ou resumindo, ser racional também faz bem. A própria anatomia do corpo diz: não dá pra carregar o mundo nas costas. 2011 foi um ano de encaixes e desenlaces, proximidade e distância... e uma conclusão. Dá pra ser feliz mesmo quando as coisas não saem como a gente imagina. Mesmo quando nossa alma acorda feito nosso cabelo, meio desarrumada, dá pra tomar um banho gelado e vestir a roupa mais bonita do guarda-roupa, mesmo que seja pra ir ali comprar pão. Esse ano perdi um pedaço meu e não acho que 2012, 2013, 2014 mude essa falta. Alguns vazios simplesmente exigem o vazio. Repetitivo né? Mas é bem simples assim. Aceite isso, a falta é uma das palavras mais usadas quando se trata de amor. E essa foi uma das outras coisas que eu também aprendi: não julgue o amor. O amor não enruga, ele não fica gordo, o amor não pinta o cabelo de laranja, o amor não tem tatuagem, não gosta de tal tipo de música, o amor não toca no rádio. Por isso não vamos usar essa mania humana de julgar tudo que vê pela frente. Sinta o amor, mas não queira a cura e a felicidade em todas as coisas nas quais VOCÊ decidiu depositar seu amor. Não queira julgar quem entra e sai da sua vida. Você tem a opção de escolher o que quer fazer, então dê o seu melhor, mesmo que lá na frente você precise nunca mais ouvir uma música. O único julgamento que podemos nos fazer é: estamos vivendo SEM amor? Conviva com as faltas, mas não aceite a falta de carinho, de amor próprio. Não seja resignação diante do poder transformador de abraçar. Tenha fé no ouvir, falar, perdoar, agradecer. Não duvide do poder das pequenas coisas. Não duvide do poder da oração ao deitar ou acordar. Converse com o seu Deus, fale do seu dia. Me tornei muito amiga de Deus, a ponto de conversar com Ele tomando um suco. Em meio a tantas distâncias, ta aí uma pessoa próxima e que nos ensina o quanto, às vezes, tudo que alguém precisa é ser ouvido. Tenha fé até nos seus sonhos pequenos, ache alternativas para que as coisas mais chatas do seu dia se tornem legais. Mas não faça isso sempre. 2011 também foi um ano de cabeça no travesseiro e muitas lágrimas. Não ache normal felicidade constante e escolha momentos para não conseguir articular seus sentimentos. Esse ano usei de uma palavra mágica que fala por si: o silêncio. O silêncio é uma prece, uma dádiva. Provavelmente, nos maiores silêncios do ano pude trabalhar o poder de pensar e ainda assim não falar. Remar o barco e conseguir ouvir só o barulho do mar, ouvido seletivo. Mas remar para onde? 2011 também teve um certo ar de perdido, exigiu um pouco mais de força no remo. E mais uma vez entrou a fé, um vento impulsionando o meu barco quando eu pensei não conseguir remar.
Em meio a 365 dias, poderia escolher mais de 365 agradecimentos. Mas dedico esse ano ao tempo que anda sempre ao lado do que chamamos de vida. O tempo, esse agridoce diário, essa descoberta, essa busca, essa fé que surge de onde menos esperamos. Mesmo diante de tanto caos interior que consigamos entender que algumas coisas só se tornam claras e cabíveis com o passar do tempo e de algumas pessoas pela nossa vida. Sempre existirão loucuras específicas para a nossa existência. E resistir a isso é se negar a viver um dia de cada vez. Que ele nos dê a mão e nos convide a atravessar juntos, um passo de cada vez. Que 2012 nos aproxime mais do que chamamos de nosso, que estejamos mais perto dos nossos sonhos, dos nossos amigos, dos nossos amores, da nossa paz. De tudo em que depositamos nossa FÉ!
Como uma amiga hoje lembrou: attraversiamo. Atravessemos juntos. Que venha 2012, com muito tempo pra ser feliz!